Na noite desta última quinta-feira (20) participei do concurso de Canção e Poesia do Colégio Estadual de Plataforma. O convite veio da coordenadora do noturno, professora Graci. Nesta ocasião, estava ali como integrante da mesa dos jurados, eu, a colega Iracema, o professor Carlos Guimarães e mais outras duas pessoas cujo nome não recordo. Confesso que a noite foi encantadora. Muito além do que a palavra "encanto" pode exprimir, foi o meu sentimento diante daqueles concorrentes, alunos que fizeram das letras e da poesia um instrumento de protesto.
Está ali, diante do público me trouxe nostalgia. Lembrei-me de certa vez que participei de um concurso de poesia organizado pelo Art & Poesia, grupo de poetas e poetisas da cidade de Salvador. Se não me falha a memória, estava na 6ª séria, e fiz uma poesia com o tema mulher. Fui para final, mas não levei o prêmio. A poesia, ainda hoje proucurei nos meus arquivos, mas não a encontrei, e na memória só resta alguns fragmentos. Àquele época, participar desse concurso e passar por todas as etapas representou muita coisa para mim e para meus familiares, sobretudo minha mãe que acompanhou minhas apresentações. Minhas professoras ficaram bastante contentes, fui o único estudante daquele colégio a participar. Alguns me dizem "você vai longe", "Parabéns, você tem futuro", e eu na ansia de realmente ter um futuro pensado nos moldes televisivos sonhava em mais, apesar de me sentir preso às condições de pobre, morador da periferia etc.
Na quinta-feira, a cada poesia que ouvia sentia um pouco do que aqueles participantes, meninos e meninas podiam está sentido. Ter visibilidade seguida de aplausos não costuma fazer parte do cotidiano desses jovens que em muitos casos não conseguem pensar além dos muros da escola. Um evento desse tipo traz para a realidade escolar e para a vida dessas pessoas um "gás" que os faz deixar todos os problemas de lado por algum momento e gritar bem alto dentro de si: "EU POSSO!!!". E foi com essa percepção que saí daquele espaço. Precisamos, como educadores e educadoras trabalhar a motivação desses jovens e adultos que estão em um ensino que se pretende melhor e igualitário, mas que pouco tem tido sucesso. Os conteúdos abordados em sala são extramamente importante, mas se estão dissocidados do trabalho com a auto estima, com a motivação, não irão produzir o efeito substancial a que se pretendem. Trabalhar com jovens em situação de vunerabilidade, jovens que são da periféria e que reproduzem um discurso da incapacidade de progredir e que reduzem o seu potencial a zero, é sem dúvida uma tarefa que requer compromisso.
E a Arte! Como um fato social, é um caminho para mostrar a estes jovens que pontecial eles tem, só precisam descobri-lo!
O que quero pesquisar aqui?
domingo, 23 de maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Primeira visita ao "CEP"
No dia doze de maio de 2010 tive meu primeiro contato com o Colégio Estadual de Plataforma. A escola está situada no Suburbio Ferroviário de Salvador, no final de linha do Bairro de Plataforma. Minha visita foi feita à noite, e dessa forma pretendo manter com certa regularidade o contato com o colégio nesse turno, a fim de verificar a dinâmica da escola nesse período de suas atividades.
À noite a escola funciona com onze turmas, assim como nos demais turnos. As turmas estão dividas da seguinte forma:
2 Turmas do Ciclo II, são elas a G3 e G4
4 Turmas do EJA (Educação de Jovens e adultos), sendo elas 7ª e 8ª, com duas turmas e 5ª e 6ª, também com duas turmas.
3 Turmas de 1º e 2º ano (Eixo VI), com as turmas A, B, C.
2 Turmas de 3º ano (Eixo VII), com as turmas A e B.
A respeito da ordenação do ensino no colégio nesse período, verificamos que não existe Ensino Médio regular, o que conhecemos por Formação Geral, ficando dividido o ensino conforme exposto acima. O Ciclo II é uma modalidade de ensino que conforme exposto pela coordenadora consiste em reunir os alunos do fundamental que estejam em situação de vunerabilidade estudantil para a formação de duas séries em apenas um ano. Esse alunos tem como perfil serem repetentes mais de uma vez e não terem ainda 18 anos, dessa forma, estes estudantes distanciariam-se em muitos sentidos dos seus colegas de turma, o que dificultaria cada vez mais a sua formação, possibilitando um maior grau de evasão escolar. O Ciclo II foi criado pela Secretaria de Educação há alguns anos e aplicado no Colégio Estadual de Plataforma neste ano, em sua primeira versão.
A Educação de Jovens e adultos (EJA) está destinada a estudantes a partir dos 18 anos e comporta jovens que seja oriundos do EJA-I ou do Ciclo I.
As turmas do Eixo VII são composta do 1º e 2º anos. Esse jovens e/ou adultos fazem as duas séries em um ano. As disciplinas desse primeiro ano do Ensino médio é composta por Filosofia, Português, Sociologia, História, Geografia e Inglês, disciplinas estas entendidas como "Signos e humanidades". No 3º ano, que é feito em apenas um ano, os estudantes tem como disciplina de curso as "Ciências da natureza", compreendidas em Biologia, Quimica, Física, Matemática.
A respeito da estrutura física do Colégio, tem-se um bom espaço, entendendo "bom espaço" na compreensão de área ampla, com salas ventildas, iluminadas e todas com televisores enviados pela SEC. A Escola dispõe de dois corredores de sala e uma area recreativa bastante ampla. Além desses dois pavilhões formandos apenas por sala, tem-se outro onde estão dispostas as salas da diretoria, vice-diretoria, dos professores, da coordenação, os banheiros masculino e feminino, a cozinha e mais duas outras salas que no momento da visita estavam fechadas. O pátio ( é verticalizado, com alguns bancos espalhados por suas extremidades. No espaço da escola pude verificar um estacionamento, um espaço destinado à horta, que segundo relato do professor Pedro (responsável pela disciplina de Sociologia e Supervisor de área do PIBID) é resultado de um projeto no ano de 2009. O espaço destinado à biblioteca é recente. Conforme pude verificar o local está longe de ser considerado uma biblioteca. Por enquanto podemos aproximar o ambiente ao que entendo por depósito, e neste caso, depósito de livros. Existem obras diversas e livros didáticos. Muitos em bom estado de conservação, enquanto outros demonstram certo grau de desgate. Pedro colocou a necessidade de um olhar mais atento à "biblioteca", e solicitou que se possivel nós pudessemos atentar a este espaço. Foi informado que o possível será feito, e sem dúvida essa é uma demanda a qual faço questão de atentar, o mais breve possível. Para isso já acertamos de verificar e fazer um levantamento das necessidades de organização de espaço. Para tal precisaremos de uma bibliotecária e de alguns matérias.
Pude observar que todas as salas são gradeadas. Há um sistema de segurança na escola que consite em salas bem fechadas, com cadeados, grade e telas de proteção.Quando questionado sobre a violência na escola, a coordenadora Graci nos informou que desde sua fundação a escola já sofreu cerca 11 assaltos, sendo o último nesse ano de 2010. Em outros momentos de conversas informais, alguns professores e alunos se queixaram de segurança e de violência. Vandalismo é uma tema recorrente na fala de alguns. Segundo relatos, há algumas semanas um aluno colocou uma bomba em um vazo sanitário, o que resultou numa grande explosão acompanhada da destruição do espaço. A coordenadora nos contou que a escola não vivia esses problemas no turno noturno, sobretudo devido ao perfil do alunado, porém, nesse ano esses acotencimentos passaram a serem recorrentes. Direciona a responsabilidade e as possiveis causas desses "problemas" ao estudantes do Ciclo II, que conforme aponta, são os portadores desse tipo de comportamento.
Ainda sobre os espaços do colégio, verifica-se uma quadra de esporte, que ainda não é coberta e outras aereas aos arredores dos pavilhões que possuem em sua maioria gramae algumas plantas. Pode ser oberservado bancos e mesas em concreto, algumas inclusive com jogos de xadrez e dama em suas superficies. Vale notar que a distribuição desses bancos, e o que seria aréas de socialização não estão muito bem distribuídos no espaço.
A respeito da merenda escolar, verifiquei que a mesma é servida diariamente no turno noturno. Pude notar o desperdício em alguns casos. Conforme nos mostra a fotografia.
Um problema verificado na escola e também abordado pela coordenadora foi referente aos horários vagos de algumas turmas, o que permite que os alunos fiquem em sua maioria fora da sala de aula por um período da noite. Segundo esta, alguns ajustes estavam sendo feitos para as turmas não tivessem horários vagos, sendo liberados mais cedo. Essa mudanças seriam boa por dois motivos: eviraia a disperssão do alunadoe permitira uma folga a estes, já que não precisariam esperar por aula. O que só poderemos verificar a partir dos próximos encontros com a comunidade escolar.
Na escola existem alguns projetos extra-classe, os quais destacam-se:
I Festival da Canção e Poesia - FACE. É um projeto da SEC que seleciona uma canção e uma poesia de cada colégio da rede estadual para concorrer a nível estadual. Os professores fizeram seleções em suas turmas e nos dia 19 e 20 de maio acontecerá a seleção da poesia e da canção que representará o colégio no campeonato. Fui convidado a participar da mesa-juri, e certamente farei parte desta na próxima semana.
Semana da Consciência Negra. Acompanhando as comemorações do Novembro Negro, o colégio realiza algumas atividades voltado a esta temática. É a aréa de humanas que fica responsável por estas atividades.
Estudante exemplar. É o reconhecimento do estudante considerado exemplar no ano que se passou.Este recebe um presente.
Gincana Cultural. Realizada anualmente.
Durante essa primeira visita, fui acompanhado pelo professor Pedro. E tivemos contato com alguns professores que fazem a escola. Apresentado a professora Verônica, responsável pela disciplina de Sociologia no turno noturno, o professor Riedison, formado em Letras e professor de Inglês e Artes. Este por sinal muito extrovertido e comprometido com o ensino na instituição. Conhecemos também o professor Carlos, de Biologia, e a coordenadora Graci. Fui apresentado também aos funcionários e suas responsabilidades, assim como a diretora geral, professora Raildes.
A comunidade escolar demonstrou interesse e simpátia a mim enquanto pesquisador e ao programa em si.
Próxima visita agendada para o dia 13 de maio.
domingo, 16 de maio de 2010
Para começar
Este blog foi reformulado para atender às demandas doPrograma Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, do qual faço parte desde o mês de abril do ano corrente. Pois é, para simplificar, uma versão do PIBIC agora voltado à iniciação à docência, conforme aponta seu nome.
Numa seleção feita no departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, eu e mais 9 colegas passamos a integrar oquadro de bolsistas que além de pesquisa o ensino da Sociologia no Ensino Médio brasileiro, iremos propor através dos nossos planos de atuação, atividades diferenciadas visando mesclar o conhecimento sociológico com as realidades. Nosso empirismo passará pelos Colégios Manoel Novaes – no Canela, Centro de Salvador e o Estadual de Plataforma, situado no Subúrbio ferroviário da cidade.
Numa seleção feita no departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, eu e mais 9 colegas passamos a integrar oquadro de bolsistas que além de pesquisa o ensino da Sociologia no Ensino Médio brasileiro, iremos propor através dos nossos planos de atuação, atividades diferenciadas visando mesclar o conhecimento sociológico com as realidades. Nosso empirismo passará pelos Colégios Manoel Novaes – no Canela, Centro de Salvador e o Estadual de Plataforma, situado no Subúrbio ferroviário da cidade.
Acompanhem por aqui, a minha aventura nesse mundo da educação.
Caio Cerqueira
* Equipe do PIBID - subárea Sociologia.
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